Este artigo discorre sobre o grande potencial do Intemperismo Acelerado de Rochas no Brasil, um país pioneiro na pesquisa e aplicação de pó de rocha para a agricultura.
Um histórico do uso do Pó de Rocha na agricultura no Brasil
As primeiras propostas de uso do pó de rocha na agricultura datam do século XIX. Os benefícios da prática foram respaldados pelas pesquisas científicas do francês Missoux (1853) e do alemão Dr. Julius Hensel (1894).
No Brasil, as pesquisas nesse campo começaram já na década de 1950, quando os pesquisadores Djalma Guimarães, Wladimir Ilchenko e Othon Henry Leonardos iniciaram o movimento da "Rochagem" no país. O termo Rochagem vem da palavra "rocha", que significa pedra em português. Em inglês, traduz-se aproximadamente como "rockage". Simplificando, "Rochagem" significa a aplicação de pó de rocha finamente moído em solos agrícolas como forma de melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade das culturas.
Além de descrever o processo de aplicação da pó de rocha, a Rochagem tornou-se um movimento de pesquisadores que promoveu evidências científicas dos benefícios da pó de rocha para os solos, com a intenção de aumentar a conscientização e promover essa prática agrícola sustentável.
Por meio de suas pesquisas e orientações revolucionárias, esses pesquisadores brasileiros criaram toda uma geração de cientistas (bem como grupos emergentes de agricultores inovadores) que começaram a adotar as ideias e as levaram para as principais escolas e instituições do Brasil. Sucessores notáveis nesse campo incluem Suzi Theodoro Huff, da Universidade de Brasília, e Eder Martins, da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que são pesquisadores líderes mundiais nesse domínio e têm apoiado a InPlanet como consultores desde o início.
Por isso, é importante mencionar que também existem movimentos de agricultores em outros países, por exemplo, nos EUA ou na Alemanha. Um exemplo bem estabelecido são os agricultores Demeter na Alemanha, que já usam o chamado "Urgesteinsmehl" há muito tempo. O movimento de rochagem no Brasil nasceu para oferecer aos agricultores tropicais uma ferramenta para restaurar e fertilizar seus solos, reduzindo a dependência de fertilizantes caros e importantes. A remoção de dióxido de carbono (CDR) não fazia parte dessa iniciativa.
Produção e credenciamento de pó de rocha no Brasil
Em geral, nem todas as rochas são boas para o solo, e algumas podem até ser prejudiciais se contiverem traços de materiais tóxicos para os seres humanos. Sem a certificação adequada, há o risco de algumas minas venderem inadvertidamente um produto que os agricultores esperam que melhore a saúde do solo, mas que tem o efeito oposto.
Para garantir a segurança alimentar, o governo brasileiro implementou uma legislação exclusiva que define quais tipos de pó de rocha são aprovados para uso agrícola. A Lei dos Remineralizadores de 2013, em combinação com uma norma técnica definida pelo Ministério da Agricultura em 2016, estabeleceu parâmetros para o site pó de rocha em termos de composição elementar e granulometria.
Além disso, desde 2022, a ABREFEN (Associação Brasileira de Produtores de Remineralizadores e Fertilizantes Naturais) vem promovendo os benefícios dos pós de rocha de alta qualidade e está conduzindo processos legislativos para incentivar a transição de insumos agrícolas convencionais para sustentáveis.
No momento em que este artigo foi escrito, cerca de 30 minas tinham produtos remineralizadores certificados no mercado. A InPlanet já identificou mais de 1.000 minas potenciais que poderiam se tornar produtoras de remineralizadores, e o Brasil tem políticas que incentivam essa transição, como o Plano Nacional de Fertilizantes 2050(PNF 2050).*
Embora algumas minas já tenham sido certificadas e a lei dos remineralizadores tenha sido estabelecida há mais de 10 anos, o uso de remineralizadores não é obrigatório e, atualmente, menos de 1% das fazendas do país aplicam o pó de rocha em suas terras. Embora a lei nacional se concentre na segurança e nos padrões para o uso do pó de rocha em geral, ela não leva em conta nenhuma atividade potencial de remoção de carbono. Além disso, não há incentivos financeiros substanciais para que os agricultores usem pós de rocha, e o uso de fertilizantes tradicionais ainda é mais lucrativo para eles, o que desincentiva a adoção da prática. Para possibilitar a transição, o financiamento do carbono por meio de Créditos de Remoção de Carbono é fundamental.
Precisamos de Créditos de Remoção de Carbono para que isso aconteça
O progresso acadêmico e legislativo indica que o Brasil está na vanguarda das práticas agrícolas sustentáveis, posicionando-se como um país promissor com potencial significativo para ampliar os ERW. No entanto, os avanços das pesquisas e das políticas do país se concentraram principalmente na segurança alimentar e na soberania nacional; a remoção de carbono não foi levada em consideração.
O foco exclusivo no uso agrícola significa que o potencial de CDR de ERW está sendo pouco explorado no Brasil. De fato, algumas rochas que são certificadas como remineralizadores podem até emitir carbono quando aplicadas. O trabalho da InPlanet é essencial para mudar essa perspectiva e otimizar o uso do pó de rocha para remoção de carbono no Brasil. Estamos conectando o setor agrícola brasileiro com o mercado de carbono e investindo em pesquisas para identificar quais pós de rocha maximizam os aumentos de produtividade, bem como os potenciais de remoção de carbono. Com base em um MRV (Measurement, Reporting, and Verification) muito rigoroso, os créditos de carbono podem ser emitidos e viabilizar projetos que usam pós de rocha para remoção de carbono em terras agrícolas.
Se você estiver interessado em conhecer o grande potencial do Brasil Intemperismo Acelerado de Rochas para remoção de carbono, confira este artigo para entender por que a InPlanet está obtendo o máximo de ERW por meio de fazendas no Brasil.
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Referências para leitura adicional:
THEODORO, S. H.; LEONARDOS, O. H. (2006): O uso de rochas para melhorar a agricultura familiar no Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 78(4), pp. 721 - 730. https://doi.org/10.1590/S0001-37652006000400007
THEODORO, S. H.; LEONARDOS, O. H.; ROCHA, E.; MACEDO, I.; REGO, K. G.; KLEYSSON G. (2013): Stonemeal de solos amazônicos com sedimentos de reservatórios: um estudo de caso de remineralização da terra degradada de Tucuruí para recuperação agroflorestal. An. Acad. Bras de Cienc., 85(1), pp. 23-34. https://doi.org/10.1590/S0001-37652013000100003
LEONARDOS, O. H.; THEODORO, S. H.; ASSAD, M. L. (2000): Remineralização para uma agricultura sustentável: Uma perspectiva tropical a partir de um ponto de vista brasileiro. Nutrient Cycling in Agroecosystems, 56(1), pp. 3-9. https://doi.org/10.1023/A:1009855409700
LEONARDOS, O. H. & THEODORO, S. C. H: Fertilizing tropical soils for sustainable development. Proceedings. International workshop on Science for Sustainable Development in Latin America and Caribe. Rio de Janeiro. Acad. Bras. Cienc. pp.: 143 – 153. 1999
THEODORO, S. H.; LEONARDOS, O. H. (2021) The Unsustainable SustainabilityAn Acad Bras Cienc (2021) 93(1): e20181226 DOI 10.1590/0001-3765202120181226
LEONARDOS, O. H.; FYFE, W. S.; KRONBERG, B. I. (1976) Rochagem: o método de aumento da fertilidade em solos lixiviados e arenosos. Anais 29º Congresso Brasileiro de Geologia, Brasil, p. 137- 145.
ILCHENKO, W. Os tufos da Mata da Corda e seu emprego na Agricultura. Dep. Prod. Vegetal. Belo Horizonte, Boletim Agricultura, 9-10, pp.: 39- 71, 1955.
GUIMARÃES, D. Contribuição ao estudo dos Tufos da Mata da Corda. Inst. Tecnol. Industrial, Minas Gerais. 3lp, 1955.
Revisão
Este artigo foi revisado em agosto de 2024.
*O artigo anterior, publicado em 2022, afirmava incorretamente que o governo brasileiro, com o Plano Nacional de Fertilizantes, pretendia certificar 1.000 minas para a produção de pó de rocha até 2050. No entanto, é importante esclarecer que atualmente não há planos específicos para o número de minas a serem certificadas.